Pesquisar este blog

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Eu odeio moda!

Abaixo o ousado texto da provocativa, Lizandra Olavrak, aluna do 3º ano de Design de Moda da UEG.
Em um mundo onde a imagem é o que conta, a moda encontra aí também seu lugar e se fortalece a cada dia. A maneira como eu me visto mostra quem sou ou mascara quem sou, minhas roupas me levam a várias portas. Será?

As pessoas são avaliadas muitas vezes pelas roupas que usam e, apenas por esse artifício, alguém já é determinado e carimbado, o que geralmente impede até mesmo que a vejam de modo diferente.

Um cidadão não pode usar roupas simples de nenhuma marca, roupas compradas em feiras populares apenas. Uma roupa bem escolhida confere status, pois uma pessoa bem arrumada, com uma peça bem cortada de marca cara e famosa, é bem vista pelos olhos dos outros e é tida como uma pessoa confiável.

A roupa é usada nesse caso como máscara, porque essa pessoa pode não ser uma pessoa confiável, mas é essa a imagem que ela passa aos outros.

Pessoas mal vestidas são discriminadas, rejeitadas, e logo são vistas como marginais. É certo que isso não é uma regra, mas mostra que na maioria das vezes, é assim que agimos.

A vontade de ser diferente, de mostrar o que se pensa, seus sentimentos, medos e insegurança, também influencia a maneira como vestir, surgindo estilos, grupos com características fortes.

Existe uma força na moda, um poder que une gerações, constrói e destrói imagens para serem reconstruídas inúmeras vezes, ressurgindo cada vez mais forte.

Mas e aí? O que isso tem a ver com odiar moda? Nem é a moda que dita essas coisas, é a cabeça preconceituosa, mesquinha e limitada das pessoas. Era esse tipo de pensamento que eu tinha com relação à moda, que a moda era algo que excluía as pessoas, que ela só estava ao alcance de quem realmente podia consumir. Que moda tinha, obrigatoriamente, que seguir padrões, roupas caras e de grife, corpo magro e esbelto, a beleza anorexa de modelos adolescentes drogadas e superficialmente felizes em anúncios, e todos os estereótipos atribuídos à moda.

Sim e não, essa é a resposta para a pergunta que eu não fiz! Dentro da moda existem pessoas que pensam assim: que a moda é um simples unir de tendências, estilos, vestes e beleza; que é um simples ir e voltar na passarela, mostrando roupas que quase ninguém poderá usar, Ou a repelem odiosamente combatendo os padrões nela existentes.
Resolvi pensar que a moda é algo mais que isso, e vejo que muitas pessoas também pensam assim, a postura de algumas pessoas que fazem moda está mudando: a moda não é algo apenas superficial e visto como futilidade.

E a moda tem mesmo que ser assim, algo social, que se preocupa com a humanidade, salvadora dos pobres e oprimidos? Eu realmente não sei, e várias vezes penso que não, mas quando paro para pensar nisso, tenho absoluta certeza que sim.

Eu odeio moda, e todos os estereótipos direcionados a ela, e todas as futilidades atribuídas a ela e todo aquele circo. Acredito que é muito mais que essas coisas e não quero responder questionamento nenhum, pois cada pessoa tem que pensar por si e encontrar uma função e o porquê gosta de moda. A maioria dos meus colegas de curso dizem que amam a moda, que moda é tudo, e copiam frases feitas, e se enchem de frases de estilistas famosos, e muitas vezes nem ao menos a essência dessas frases ditas eles captam. Prefiro enxergar mais que isso, e acreditar que é mais que isso, ficar com a rebeldia em frases e sem morrer a cada dia com o que não se mata.

Então, como eu posso estar dentro de algo que eu odeio? Justamente por isso!

Eu prefiro odiar a moda e pensar que ela é algo muito mais além de combinações, texturas e cores, sorrisos falsos e beleza efêmera. Prefiro minhas frases e admirar a beleza de todas essas coisas, admirar o processo belo da criação e de não ser e nem me sentir obrigada a gostar de algo ou a fazer algo, porque todos assim fazem. Posso estar certa, posso estar errada, assim como posso não estar coisa alguma, posso ofender algumas pessoas com tudo isso, ou não. Isso não é importante, não quero responder a nada, quero apenas ser e não estar, não existe arrependimento na escolha que fiz, apenas descobertas.

Não, eu não odeio a moda, e sim, eu odeio a moda!

Lizandra Olavrak

2 comentários:

Marcelo (Mindooin) disse...

Adorei seu texto, ainda mais vindo de uma estudande de moda/design.
Perfeita, vê de fora sobre aquilo que estuda. Contrário seria um médico somente saber curar o paciente estando doente também.
Boa sorte.

Aline disse...

Concordo inteiramente com a visão que você expôs no texto, parabéns!
Curso de moda está virando febre por causa do suposto glamour que existe na profissão.