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terça-feira, 24 de março de 2009

EU, MINHA MÃE E A BLUSA VERMELHA

(Texto da aluna Maisa Cassimiro de Souza, 2º ano, Design de Moda, UEG)
Quando tinha meus 7 anos de idade fiz novamente aquele corte de cabelo que eu achava lindo – Chanel com franja. Lembro-me que eu tinha uma blusa vermelha com dois corações, um branco e outro preto, o último estava sobreposto ao primeiro. Amava essa blusa! Para mim se eu a colocasse ficaria linda, “iria arrasar na escola”, já para minha mãe esta sem dúvida era horrível. Ela dizia: parece até que você não tem outras blusas porque só usa essa.
Em todos os lugares que ia queria estar com aquela linda blusa. Minha mãe perguntava o que tinha de tão especial assim na blusa vermelha, eu respondia: ela é linda, muito linda, tem dois corações, um de cada cor e o melhor ainda é vermelha. Apaixonada pela blusa era só minha mãe lavá-la que eu não perdia a oportunidade de usá-la. Minha mãe até pedia com jeitinho carinhoso para eu não colocá-la mais, mas, não adiantava esse jeitinho especial quando ela olhava para mim, lá estava eu com a blusa.
Não se passou nem 1 ano e minha mãe não agüentava mais me ver com aquela blusa. Então deu ela para uma das minhas primas. Só descobri isso quando novamente fui colocá-la, procurei em todo canto do quarto e não a encontrei. Cansada de procurar, logo imaginei que só podia ter sido minha mãe que a havia pegado. Fui diretamente perguntar para ela a onde estava minha blusa e ela disse-me o que havia feito. Entrei para o quarto com um “bico enorme” depois de ouvi-la falar. Estava com muita raiva e chorei, chorei, mas depois passou todo aquele sofrimento, pois já tinha outra roupa preferida, só que desta vez era uma mini-saia.
Como você já deve ter imaginado querido leitor - a história se repetiu. Não adiantou minha mãe desfazer-se de minha blusa, porque eu já tinha uma roupa substituta, ela sabia que iria sentir raiva novamente e que seria como jogar palavras ao vento, me pediu para deixar de usar a mini-saia. Ela – imagino que cansada, aceitou o uso desta, mas somente com short por baixo, e assim eu o fazia. Uma coisa ela admitia que preferia a blusa do que a mini-saia, pois a achava pequena demais.
Com o tempo os pais percebem que por mais que eles falem para nós nos desfazermos de algo que gostamos será em vão. Pois sempre teremos aquela roupa preferida, a Barbie que mais gostamos de brincar, o livro que tem a história que mais curtimos ler. Sempre faremos escolhas, e às vezes escolhemos coisas que julgamos serem únicas para nós.
Retomando a história da blusa, já se passaram exatamente 11 anos, e observando-a pelo foto, hoje, só a acho interessante e não tão linda assim. Creio que o que seja interessante mesmo era o sentimento que tinha por ela. Para falar sério mesmo, não sei como tive coragem de usar aquela blusa! E o melhor em comparar os pensamentos que tenho agora dos que tinha 11 anos atrás, é que dou muitas risadas e compreendo o quanto a mente pode se desenvolver.

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